sábado, abril 30, 2011

3.2 – PRINCIPAIS PROJETOS DE GOVERNO

A Turquia nos dias atuais é membro das Nações Unidas, do Conselho da Europa, bem como da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), OSCE (Organização para Segurança e Cooperação na Europa) e OCI.

O principal objetivo da Turquia atualmente é sua adesão à União Europeia. Para a Turquia, essa conquista implica em vantajens, como ter acesso mais amplo ao mercado europeu, a uma moeda forte, o euro, e aos fundos de apoio aos países pobres. Já os países europeus não parecem muito felizes com esta possibilidade e a entrada da Turquia na União Europeia acaba sendo dificultada por uma dezena de motivos. Entre eles, o fato de que a Turquia sempre teve muitos problemas de fronteira com a Grécia. E atualmente este problema envolve o Chipre, dividida entre gregos e turcos, em constante conflito. Porem, mesmo com a melhora nas relações entre esses dois países, existem outras questões, como o fato de a Turquia ser um país majoritariamente asiático, e não europeu, ou ainda seu histórico negativo de direitos humanos não só no caso das mulheres, mas também dos curdos. Portanto, a adesão da Turquia à União Europeia implica em importantes mudanças na forma administrativa, política e econômica do país.

Um dos projetos bastante polêmicos que se tem falado bastante nos jornais turcos, é a de uma possível reinterpretação do islã. O "Projeto Hadith", patrocinado pela Justiça e pelo Partido do Desenvolvimento (AKP) do primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan, teria como objetivo revisar cerca de 162.000 informações e apartá-los para até uns 10.000, com o intuito de separar o Islã original das inclusões de quatorze séculos. Esses relatórios Hadiths são um tipo de complemento ao Alcorão, e tiveram importante participação na formação das leis islâmicas que influenciam as atitudes dos muçulmanos, principalmente em relação às mulheres.

O governo turco planeja também uma reforma na Constituição. O objetivo principal é reduzir o poder militar e reforçar o poder popular, o que não agrada à elite secularista do país, que diz que as mudanças são parte de um suposto plano para “islamizar” a Turquia. Essa reforma seria uma das mais im portantes da Turquia, com o objetivo de entrar na União Europeia, uma vez que o fato de o país ainda ter uma Constituição sob tutela militar seria um dos maiores impedimentos à sua adesão.

O jornal euronews de 22 de março de 2010, diz que o pacote constitucional prevê a redução do poder dos mais altos tribunais e a alteração da estrutura de um órgão que lida com a nomeação dos magistrados. Propõe ainda levar à Justiça os líderes de um golpe militar de 1980 e melhorar os direitos das mulheres. Entretanto, esse é um projeto ainda discutível na Turquia, porque o AKP não consegue sozinho obter a maioria de 367 votos para alterar a Constituição. Alguns partidos de oposição já anunciaram que não pretendem apoiar a reforma constitucional.

Quanto à questão do Chipre, a União europeia já declarou que a resolução do problema é essencial para a entrada da Turquia na União Europeia. O governo turco declarou que as conversações de paz já estão sendo feitas e que o conflito será resolvido até o final de 2010.

Em termos de projetos menos complicados, a Turquia tem desenvolvido alguns projetos de melhoria em seus portos com a modernização de suas frotas, manuseamento de cargas, estaleiros navais e terminais de contentores e vias rápidas de comunicação entre os portos de Istambul, Iskeridun, Mersyn, Antalya e Izmir, e as principais zonas habitacionais e industriais. O objetivo é se tornar uma das nações marítimas de referência mundial, fato que contaria pontos para sua adesão na União Europeia.

Além disso, o sistema ferroviário de transporte de cargas ainda é muito inferior comparado a outros países europeus, e um dos projetos de governo turco é a melhoria deste sistema. Segundo dados do “Invest in Turkey”, o plano de cinco anos, cobrindo o período de 2007 a 2013, pretende renovar 1,000 km e construir 938 km de ferrovia.

Falando em sistema de transporte, outros dois importantes projetos de transporte de gás natural para a Europa foram iniciados em 2007. O primeiro é um projeto de "interligação", Turquia, Grécia e Itália. O segundo é o “Projeto Nabucco”, de entrega de gás natural turco para os mercados europeus, ligando a região do Mar Cáspio e do Oriente Médio, via Turquia, Bulgária, Romênia, Hungria e Áustria.

Além disso, o “Invest In Turkey” continua dizendo que o crescente desenvolvimento econômico da Turquia nos últimos anos após candidatura à União Europeia, é prova de que o governo tem desenvolvido uma política fiscal eficiente, e mudanças estruturais e institucionais significantes. As reformas estruturais que têm sido implementadas de lá para cá visam aumentar o papel do setor privado na economia turca, reforçar a eficiência do setor financeiro e colocação do sistema de segurança social numa base mais sólida. Estas reformas fortalecedoras dos fundamentos macroeconômicos da economia turca, e a solidez do setor bancário turco, são importantes amortecedores contra crises globais.

Um dos principais projetos do governo turco que ouvimos bastante nos últimos meses foi a prospecção da Turquia para mercados além da Europa e do Oriente Médio. Um desses países é o Brasil. Para conter a alta dos preços internos, o governo turco autorizou a importação de carne dos países latino-americanos, medida que beneficia o Brasil, que conta com a maior produção mundial de carnes e frangos. De acordo com o site netmarinha.com, o vice-presidente da Câmara de Comércio em Istambul, Dursun Topçu, afirmou que a estimativa é que em três anos a corrente comercial entre Brasil e Turquia possa ser de US$ 10 bilhões.

Os empresários turcos apostam em três setores para ampliar as trocas com o Brasil: veículos, construção civil e produtos básicos. O terceiro item mais exportado pela Turquia ao Brasil é partes e acessórios para veículos, um setor de atividade que na Turquia, é bem parecido ao do Brasil.

Já existe uma empresa turca operando no Brasil no setor de peças para veículos, a principal aposta dos turcos. Trata-se da Airtech, que montou uma fábrica em Diadema (SP) no fim de 2008. Segundo Emrah Cinaroglu, diretor da empresa no Brasil, a maior parte das peças vendidas no país é importada da Turquia, mas até o fim de 2011 ele espera produzir tudo no Brasil para também exportar para o Mercosul. Ou seja, o alvo principal da Turquia é mesmo a América Latina, e o Brasil está realizando uma espécie de porta de entrada para que isso se torne possível.

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